Composição Filosófica: História da Filosofia e Teoria das Faculdades em Gilles Deleuze (1953-1968)

This thesis defends that the “theory of the faculties” does not only represent a central thematic axis of Difference and Repetition (1968), but that it is also a key element for methodological and compositional considerations of the work. To concatenate and support this interpretation, we consider it necessary, in our first chapter: to explain the problems related to the methodological axis, starting from an interpretative radicalization of Difference and Repetition’s Avant-Propos to define the meaning of the notion of book related with the history of philosophy and the problem of authorship; then, in our second chapter, to follow the incorporating process of the “doctrine of faculties” in the context of monographic writings (period from 1953 to 1968), in which the history of philosophy constitutes the internal link that allows the passage from the first to the second chapter. Our interpretation highlights: the importance of Hume for the model of faculties (alongside Kant and Simondon); accentuates the process of reevaluating sensitivity in relation to Difference and Repetition and, thus, contributes to the clarification of a less evident meaning of “transcendental empiricism”. Finally, in its last part, it culminates with the defense that the theme of the Image of Thought carries out a critical perspective of the philosophy of difference that is properly Deleuzian (moving away from the meaning of the interpretation given by Deleuze to Kant and as a continuation of the critical project attributed to Nietzsche). Considering the achievements of the precedent chapters allows us to point out the compositional dimension of Difference and Repetition, in which the methodological aspect of writing a philosophy book is made possible by the actual realization of its project in relation to the problem of thought.

A presente tese defende que a “teoria das faculdades” não representa apenas um eixo temático central de Diferença e Repetição (1968), mas que é um elemento chave para considerações de ordem metodológica e composicional da obra. Para concatenar e sustentar essa interpretação julgamos necessário: explicitar, em nosso primeiro capítulo, os problemas relacionados ao eixo metodológico, partindo de uma radicalização interpretativa do Prefácio para definir o significado da noção de livro em sua relação com a história da filosofia e com o problema da autoria; em seguida, em nosso segundo capítulo, acompanhar o processo de incorporação do tema da “doutrina das faculdades” no contexto dos escritos monográficos (período de 1953 a 1968), no qual a história da filosofia se constitui como o liame interno que permite a passagem do primeiro ao segundo capítulo. Nossa interpretação coloca em relevo: a importância de Hume para o modelo das faculdade (ao lado de Kant e Simondon); acentua o processo de reavaliação da sensibilidade com relação a Diferença e Repetição e, assim, contribui para o esclarecimento de um sentido menos evidente do “empirismo transcendental”. Finalmente, em sua última parte, culmina com defesa de que o tema da Imagem do Pensamento realiza uma perspectiva crítica da filosofia da diferença que é propriamente deleuziana (afastando-se do sentido da interpretação dada por Deleuze a Kant e como continuação do projeto crítico atribuído a Nietzsche). A consideração do conjunto dos capítulos precedentes nos permite apontar a dimensão de composição de Diferença e Repetição, em que o aspecto metodológico da escrita de um livro de filosofia é possibilitado pela própria realização de seu projeto com relação ao problema do pensamento.